O Desenvolvimento Tecnológico da China: Assusta ou Inspira?
O Início dos Embargos e o Impacto na Tecnologia Chinesa
Quando Donald Trump assumiu a presidência dos EUA em 2017, o lema “Make America Great Again” trouxe consigo uma série de políticas protecionistas que visavam conter o avanço econômico e tecnológico da China. Entre essas políticas estavam a proibição da compra de tecnologia chinesa para redes 5G e a restrição de bens e serviços, afetando empresas como Google e Microsoft. A proibição de negociar softwares como o Windows e a suíte do Google para Android deixou os dispositivos chineses sem acesso a aplicativos essenciais.
Essa situação forçou a China a buscar alternativas para reduzir sua dependência da tecnologia ocidental. A Huawei, por exemplo, começou a vender notebooks com a distribuição Linux Deepin e desenvolveu seu próprio sistema operacional para smartphones, inicialmente compatível com aplicativos Android, mas com planos de descontinuar esse suporte à medida que novos aplicativos são desenvolvidos para a plataforma.
Desafios na Produção de Chips e a Busca por Autossuficiência
No contexto da produção de semicondutores, a China enfrenta um desafio significativo. A fabricação de chips depende fortemente de equipamentos de litografia fornecidos pela ASML Holding, uma empresa holandesa que detém o monopólio nessa área. Com as sanções que impedem a ASML de vender suas máquinas para empresas chinesas, a Huawei e seus parceiros contrataram ex-funcionários da ASML para desenvolver tecnologia própria.
A SMIC (Semiconductor Manufacturing International Corporation) está avançando na produção de chips com tecnologia de 5 nanômetros em Xangai, utilizando equipamentos adquiridos da ASML antes das sanções. Esse movimento visa suprir a demanda crescente e diminuir a dependência de tecnologia estrangeira.
Investimentos na Huawei e Outras Iniciativas
A China está investindo fortemente na Huawei, visando transformá-la em uma potência no setor de semicondutores. Um fundo de investimento criado pelo governo de Shenzhen tem como objetivo centralizar recursos na Huawei e em outras áreas críticas como óptica e equipamentos para chips.
No entanto, o esforço chinês não se limita apenas à Huawei. Outras empresas como SophGo e StarFive estão desenvolvendo processadores com arquitetura RISC-V, oferecendo alternativas aos processadores da Intel, AMD e ARM. Um exemplo é o Milk-V Mars, um dispositivo com processador RISC-V de 64 bits, que abre novas possibilidades para inovação na indústria de chips.
A Influência da Microsoft e o Papel dos Laboratórios de Pesquisa
Curiosamente, a Microsoft também teve um papel significativo no desenvolvimento tecnológico chinês. Em 1998, a empresa estabeleceu um laboratório de pesquisa avançada em Pequim, que se tornou um dos centros mais prestigiados em IA, incluindo reconhecimento facial e processamento de linguagem natural. Apesar das tensões entre os EUA e a China, a Microsoft continua a operar seu laboratório em Pequim, evidenciando a complexa relação entre as duas potências tecnológicas.
Rumo à Autossuficiência e Desafios Futuros
A China está alocando recursos substanciais para alcançar a autossuficiência na fabricação de semicondutores, com o objetivo de reduzir sua dependência de tecnologia ocidental. A colaboração entre Alibaba e Bitman, que controla uma parte significativa da mineração de Bitcoin, demonstra o compromisso do país com a inovação e a independência tecnológica.
No entanto, a produção de chips na China ainda enfrenta desafios. Benchmarks recentes mostram que os chips desenvolvidos localmente ainda estão atrás dos modelos de alto desempenho disponíveis no mercado, como o processador do Samsung Galaxy S23 Ultra. Além disso, a questão de Taiwan, que é crucial para a fabricação de chips, continua a ser uma fonte de tensão geopolítica.
Conclusão
O avanço tecnológico da China está claramente moldando o futuro da indústria de semicondutores e da tecnologia em geral. A busca pela autossuficiência e a capacidade de desenvolver tecnologia própria são impressionantes, mas o caminho para superar as barreiras impostas pelas sanções e competir no mercado global ainda é desafiador.
A pergunta que fica é: devemos nos inspirar na China e na Rússia para reduzir nossa dependência de outros países em termos de tecnologia? Deixe suas opiniões nos comentários abaixo. E não se esqueça de conferir os vídeos sobre a tecnologia brasileira e russa que produzi recentemente.
Fontes: